segunda-feira, 30 de junho de 2008

Hard Rock Cafe, o templo da música



Por Carlos Franco (jornalista e publicitário)

No dia 7 de dezembro de 2006, a tribo dos índios seminoles, da Flórida (EUA), ganhou destaque no noticiário econômico mundial por comprar, por US$ 965 milhões, a rede de restaurantes e cassinos Hard Rock do grupo britânico Rank. Os índios ficaram com as 124 lojas Hard Rock Cafe, quatro hotéis, dois hotéis-cassino, duas casas de shows e participações em mais três outros hotéis. A Rank, porém, ficou com o Hard Rock Casino de Londres, que muda de nome para Rank Gaming.

A tribo dos seminoles já operava um hotel e um cassino da rede Hard Rock nas cidades de Tampa e Hollywood (Flórida). A venda não incluiu o hotel da rede em Las Vegas (vendido em maio para o grupo Morgans Hotel, de Nova York, por US$ 770 milhões nem as lojas Hard Rock Cafe controlada pelo co-fundador da rede, Peter Morton.

O negócio selou uma bem sucedida estratégia de marketing que deu grande visibilidade ao Hard Rock. O que mostra que bares e restaurantes temáticos, ancorados em boas estratégias de comunicação têm tudo para dar grandes resultados aos seus controladores.

O primeiro Hard Rock Cafe abriu as portas no dia 4 de junho de 1971, em Londres, na Inglaterra. Surgiu de uma idéia dos amigos Isaac Tigrett e Peter Morton, dois empreendedores americanos e amantes da música, que decidiram abrir um espaço onde pudessem guardar relíquias do rock, um hobby que os aproximou. e ao mesmo tempo ganhar com a venda de bebida e comida, especialmente o fast-food. O projeto traçado era oferecer bebidas e comida, especialmente hamburgueres e batatas fritas a preços acessíveis, que atraíssem gente jovem e bonita. Foi um sucesso. Os jovens londrinos naquele ano dispunham de pouco dinheiro e enfrentavam uma transição nas relações de trabalho, enquanto os mais velhos temiam as demissões por conta da maior competividade do mercado global. Só que ninguém deixa de sair de casa ou se divirtir, principalmente quando se é jovem, por temer a falta de empregou ou pelo dinheiro curto no bolso, só procura gastar menos e tirar de cada situação o máximo de proveito. Tigrett e Morton que enfrentavam problemas em grandes viagens atrás de relíquias do rock, sabiam disso e como funcionava essa lógica aparentemene simples, mas que muitos não a percebem.

Mais que um restaurante, onde as relíquias do rock ocupavam as paredes, o Hard Rock acabou por se transformar num estilo. Os jovens vestiram a camisa do Hard Rock Cafe, que foi uma das primeiras armas de marketing de quem dispunha de poucos recursos para a compra de mídia. Essas camisetas viraram febre, todos queriam tê-las e a rede começou posteriormente a vendê-las assim como os pins, aqueles bottons que são outra mania entre viajantes jovens. Daí para casacos e uma infinidade de outros produtos, foi um pulo.

No início, o Hard Rock exibia apenas produtos do rock americano, mas rapidamente incorporou na decoração pertences do rock mundial na medida em que foi crescendo e seu fundadores passaram a receber ofertas de pertences de lendas do rock inglês e de outras partes do mundo.

Em 1982, quando o projeto ganhou solidez, Tigrett e Morton decidiram aceitar ofertas de novos sócios ao redor do mundo e iniciaram a expansão da rede, que faria da marca, uma marca global. Morton abriu casas em Los Angeles, San Francisco, Chicago e Houston. Tigrett em New York, Dallas, Boston, Washington, Orlando, Paris e Berlim. Em 1990, o Rank Group adquiriu o Hard Rock Cafe e acelerou ainda mais sua expansão global. Também levou a marca e o estilo do Hard Rock para outros negócios abrindo a rede Hard Rock Hotel & Casino em várias localidades exóticas do mundo como em Bali, Las Vegas, Pattaya, Orlando, Hollywood, Chicago e Tampa.

A tribo índigena que investe pesado para garantir o futuro das próximas gerações já deu sinal verde para a continuidade dessa expansão global. Para manter o clima de peças originais em todos os restaurantes, o que é um atrativo também para turistas, a rede conta com o suportde de um verdadeiro caçador de relíquias. Don Bernstine é o homem que vista astros do rock do passado e vai ao camarim dos atuais fazendo oferta por tudo aquilo que possa dar vida e emprestar à rede o glamour do rock.

O gerente de aquisições do Hard Rock e seus controladores sabem que é essa aura em torno dos ídolos do rock que mantém viva a rede espalhada por 43 países. Tanto que Bernstine é figurinha conhecida nos leilões de casas tradicionais como a Christies. E já chegou a pagar US$ 24 mil por um casaco que Jimi Hendrix usou no palco e até US$ 13 mil por letra de música datilografada por Bob Dylan. São essas relíquias, além do preço sempre em conta de bebida e comida, que transformaram a marca Hard Rock também numa lenda do rock e de um estilo de viver.

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